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31 agosto, 2011

"Educação Infantil - Muitos Olhares”



Um Recorte sobre “Educação Infantil Muitos Olhares”, de Zilma de Moraes R. de Oliveira.



* Por Jocélia Santos
Os questionamentos frente ao processo educacional são de fato preocupantes, principalmente ao que diz respeito às creches e pré escolas em nosso país, uma vez relacionados particularmente a como se dá esse atendimento a crianças pequenas nessas instituições.
Interrogativas a parte, os fatos sócio-históricos pelo qual passou a educação infantil desta fase, foi ao longo dos anos se transformando e pode ser delineado primeiro pelo tradicionalismo, onde a educação de crianças pequenas era responsabilidade da família, que nos séculos XVI e XVII como o pragmatismo tecnicista novos olhares começaram a surgir em direção a educação de crianças pequenas, influenciado pelo desenvolvimento científico ocorrido pela expansão mercantilista.     
Percebe-se que a educação ascende à sombra de um possível e importante acontecimento, assim como na França e na Inglaterra como em demais países da Europa, escolas para crianças pequenas foram organizadas sobre forte influencia de movimentos religiosos. Ler e escrever eram, por exemplo, métodos utilizados nessas escolas, pretextos esses que buscavam o ensino religioso como intenção primeira. Embora se tenha incluído crianças pobres entre 2 e 3 anos de idade nas chamadas Charity school ou Dame school, escola de caridade, um tipo de escola primária para o ensino de crianças carentes, onde também se iniciava uma proposta pensada por Comenius, onde a educação de crianças pequenas deveria partir de coisas reais e atividades diferenciadas.
Enquanto o ideário da Revolução Protestante buscava formas disciplinadoras sem punições físicas às crianças, os trabalhos da Pestalozzi pensava na transformação de métodos de ensino no treinamento de professores onde a educação existisse em espaços de amorosidade através da música, arte, soletração e atividades diversas, assimiladas as idéias de Rousseau refletidas em Comenius. As concepções políticas citadas no texto "Educação Infantil: muitos olhares", mais precisamente na página 12, terceiro parágrafo, começam a ser entendidas por meio das influencias teóricas e ideológicas - Liberalismo e Nacionalismo - Lutas Napoleônicas - onde Froebel idealizara a criação de jardins de infância, englobado em 1870 a 1952 o método Montessori, no repertório dos primeiros construtores da idéia da educação infantil. Ainda sobre o prisma político, as instituições de pré-escolar surgiram por conta de um cenário de pobreza, maus-tratos e abandono que tinham as crianças pequenas da época, principalmente com a Revolução Industrial. Ou seja, as creches e pré-escolas surgiram de uma necessidade capitalista, lugar que as mães pudessem deixar seus filhos enquanto trabalhavam, já que mediante ao processo de industrialização que se desencadeou no Século XVIII, o panorama havia modificado não apenas a sociedade mais também a família. Ingressar no mercado de trabalho era o motivo que tornou indispensável encontrar soluções para o atendimento infantil em todos os aspectos.  A visão superficial aqui elencada sobre alguns aspectos sócio-Históricos da educação de crianças pequenas, implica-nos compreender que hoje as raízes dessa construção estão por vezes presentes no modo de fazer e conceber a educação infantil. De lá pra cá as contribuições dos educadores da história universal da infância ainda continuam existindo? Embora haja resistência e temor ao novo, muitas mudanças e transformações surgiram, a exemplo da Lei de Diretrizes e bases da Educação, nº 9394 de 20 de Dezembro de 1996, que trás no Artigo 4º, inciso IV; “atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade”.  E mesmo a base de muito diálogo e intenções para melhoria da educação, muito ainda tem se buscado para que esse nível de educação se emancipe.
Aludindo ao pensamento froebeliano; (Prendas e Ocupações), ao que diz respeito às atividades com objetos concretos usados também em brincadeiras e o manuseio com areia, papel, argila, recorte, dobradura, desenhos entre outros, pode-se perceber que tais atividades ainda são desenvolvidas com grande ênfase nas creches e pré-escolas, para que o processo de aprendizagem das crianças implique na codificação de saberes diversos.
O que dizer da aprendizagem mecanizada e padronizada? Essas por uma resistência talvez cultural, ainda é uma realidade na vivencia de crianças o que desconfigura a visão emancipatória no dorso dessas instituições. Descobre-se então, que o mundo da criança pode ser construído e desenvolvido, uma vez que elas exteriorizam múltiplas capacidades para absorver o ensinado.
Por outro lado, fazendo ainda um paralelo entre o sistema capitalista industrial e a contemporaneidade do sistema globalizado, teremos duas situações iguais separadas apenas pela cronologia do tempo: (a demanda de mães operárias e mães empresárias). Sofrem neste caso os mesmos efeitos e causas, tendo em vista que ambas situações apontam para o desejo de terem seus filhos assistidos no sentido de cuidados por “alguém” que garanta esse aparato de forma confiável e responsável.
Não é à toa que a educação infantil no Brasil vem a cada dia sendo tema de grandes discussões e debates, pois, valida uma prática cada vez mais concisa e desafiante, papel dos que lutam por uma educação de qualidade. No entanto, é emergência que o sistema escolar deva enxergar com mais sensibilidade a prática educacional sem apontar possíveis “responsáveis” por erros e enganos que possivelmente acontecem no âmbito da escola, pois, a história pela qual passou a educação e o processo das instituições escolares até nossos dias, resulta em absorvermos o que de apropriado restou, filtrando e extraindo a parte boa de todo esse processo. Embora tenha a educação dados largos saltos, nem sempre seu cenário foi assim, justo por que assim como a educação, a criança que também está inserida nesse contexto e também sofreu diferentes concepções que foram reconstruídas socialmente e culturalmente ao longo dos anos.
          Hoje, creches e pré - escolas buscam vivenciar abertamente um processo de ruptura, ou seja, de mudança, onde aquele velho modelo “assistencialista” abre caminho para o modelo do educar e cuidar simultaneamente. Em fim, as atividades que acontecem na sala de aula, devem ser um reflexo do que acontece na realidade da criança, ela por sua vez, tem o direito de brincar, de participar, de ser ouvida de ser cuidada de ser bem protegida em qualquer escola em que esteja inserida. O educador de ensino infantil, sobretudo, tem um novo papel, de articulador, de apoio e de facilitador, mas na verdade ele passa a compor o universo da sala de aula a partir do universo da criança, fazendo dos momentos, espaços de inclusão e aprendizagem

Dados:
OLIVIERA, Zilma de Moraes R. de (org). Educação Infantil muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994. Pág.11 e 19

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